terça-feira, 11 de setembro de 2012

Revolução Agrícola


Movimento que aconteceu no Oriente Médio, Inglaterra no século XVIII. O crescimento populacional e a queda da fertilidade dos solos utilizados após anos de sucessivas culturas no continente europeu causaram, entre outros problemas, a escassez de alimentos. Nesse sentido, intensifica-se a adoção de sistemas de rotação de culturas com plantas forrageiras (capim e leguminosas) e as atividades de pecuária e agricultura se integram. Esta fase é conhecida como Primeira Revolução Agrícola.
Por que se fala em Revolução Agrícola? Porque o impacto da nova atividade na história do homem foi enorme. E não se trata apenas de mera questão acadêmica, mas de algo muito real e palpável como o próprio número de seres humanos sobre a face da Terra.


 A Inglaterra era dotada de uma aristocracia latifundiária (nobreza detentora de enormes propriedades) politicamente ativa e cada vez mais preponderante no Parlamento, nela surge, na primeira metade do século XVIII, um corpo de leis visando uniformizar e regular a posse da terra de forma a facilitar o processo produtivo. Essas leis, em pedido dos grandes senhores de terras, legitimavam a ocupação e cerco de pequenas propriedades, de forma a aumentar a dimensão das suas terras e a aumentar com isso a produção e o lucro. Essas leis, favoráveis à aristocracia, desapropriação as pequenas propriedades (minifúndios), da junção de parcelas dispersas e da apropriação de terra comunais, para além da liberdade de cercar as novas propriedades resultantes desse processo (em inglês, enclosures, campos fechados por sebes ou cercas).
A aplicação da lei, fez-se com base nas decisões senhoriais: apesar de terem apresentado uma petição ao Parlamento, os latifundiários decidiram ocupar e cercar as terras sem qualquer aviso aos seus antigos donos, os pequenos proprietários, mesmo ainda antes da discussão e aprovação parlamentar. Recorrendo da decisão, os pequenos proprietários tentam comprovar documentalmente a posse da terra, o que é difícil - ou impossível - na maior parte dos casos. Perdem assim as terras e vão engrossar o êxodo de trabalhadores rurais - proprietários ou não - em direção às cidades fabris de Bristol, Birmingham, Manchester, Liverpool, Londres e Glasgow, entre outras. Modifica-se então a paisagem rural inglesa: do openfield (campo aberto, sem vedação, tradicional em Inglaterra) passa-se para o campo fechado. Esta mudança será mais visível no Leste do país - em East Anglia, nas Midlands, no Yorkshire... Estas eram, antes da lei, regiões cerealíferas e forrageiras, bem como de criação de gado ovino (a lã era, aliás, uma matéria-prima importante para a florescente indústria têxtil inglesa). Os senhores e os burgueses ficaram interessados na introdução da agricultura  e promoverão a introdução de novas técnicas de cultivo, entre as quais a rotação de culturas sem pousio, de forma a retirar o máximo proveito das terras. No intuito de melhorar as espécies mais produtivas, a seleção de sementes e o apuramento dos efetivos pecuários são outras das marcas desta Revolução Agrícola inglesa setecentista. A introdução de máquinas e a melhoria dos transportes no espaço agrário são outras das características principais dessa mutação operada no mundo rural inglês.
Os resultados não demoraram muito a aparecer: maior produção (na primeira metade do século XVIII, esse aumento é superior a 20%); capacidade do campo abastecer e sustentar o crescimento urbano-industrial que se registava no país; melhorias significativas, não somente em quantidade, mas também em qualidade, permitem uma época de relativa abundância em produtos agrícolas essenciais (carne, leite e derivados, legumes, batata, cereais, etc.), com repercussões em termos demográficos. De facto, a melhoria gradual na dieta alimentar inglesa proporcionará uma maior esperança de vida, um aumento da natalidade e do crescimento natural da população, diminuindo-se a vulnerabilidade do homem face às fomes e pestes (menos comuns, porém). Com a diminuição crescente da mortalidade, conjugam-se uma série de indicadores positivos para que possamos falar de uma revolução demográfica, a par da revolução agrícola e da industrial.
Com toda essa revolução, o espaço urbano foi ganhando vantagem também: para além do citado êxodo rural de minifundiários e assalariados rurais - devido à perda da posse da terra, à mecanização (que origina menos empregos rurais) e às novas técnicas e culturas -, assiste-se a um crescimento demográfico nas cidades, o que dispara os valores da taxa de urbanização inglesa e mesmo europeia. A expansão da Revolução Agrícola para o continente europeu - menos visível que a da indústria - fará, ao longo do século XIX, crescer a população europeia em mais de 100%, registo nunca alcançado na história da Humanidade. A rota de expansão da Revolução Agrícola inglesa na Europa e no Mundo será idêntica à da industrialização, ambas interligadas e perfeitamente complementares. Por isso que a Inglaterra, onde começou a Revolução Agrícola foi a primeira potencia e reforçando como pais de arranque das principais transformações operadas à escala mundial, por causa da exploração de terras e acumulo de capitais.
Com o desenvolvimento da Revolução Agrícola, algumas sociedades foram acumulando inovais tecnológicas que amplia­ram progressivamente a eficácia produtiva do trabalho humano, provocando alterações institucionais nos modos de relação entre os homens para a produção e nas formas de distribuição dos produtos do trabalho. Essas sociedades aumentaram o número de plantas cultivadas, aprimoraram as qualidades genéticas destas e revolucionaram suas técnicas agrícolas com a adoção de métodos de trabalho e de instrumentais mais eficazes para o preparo do solo destinado as lavouras, transporte e estocagem das safras. E com isso veio a Revolução Industrial.


Um resumo rápido sobre Revolução Agricola:
Início do séc XVIII - Início da Revolução Agrícola (na Inglaterra).
 Fatores que contribuíram para a Revolução Agrícola:
1.  Concentração das terras nas mãos de grandes proprietários (landlords ou gentlemen farmers) que as vedavam enclosures.
2.  Afolhamento quadrienal (sistema de rotação de quatro culturas, por exemplo: nabo, cevada, trigo e forragens para a alimentação do gado)
3.  Introdução de novas culturas, incluindo as forragens.
4. Seleção de sementes
5. Fertilização das terras e melhoria dos solos
6. Arroteamentos de campos.
7. Mecanização da agricultura
8. Desenvolvimento da criação de gado

Texto por: Verônica Victor e Stephani Oliveira

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